Sábado, 04 de novembro de 2023
"A
fé faz as coisas possíveis, não fáceis."
EVANGELHO DE HOJE
Lc
14,1.7-11
—
O Senhor esteja convosco.
—
Ele está no meio de nós.
—
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas
—
Glória a vós, Senhor!
Num
dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. Estes o
observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então
contou--lhes uma parábola: “Quando fores convidado para uma festa de casamento,
não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais
importante, e o dono da casa, que convidou os dois, venha a te dizer: ‘Cede o
lugar a ele’. Então irás cheio de vergonha ocupar o último lugar. Ao contrário,
quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Quando chegar então
aquele que te convidou, ele te dirá: ‘Amigo, vem para um lugar melhor!’. Será
uma honra para ti, à vista de todos os convidados. Pois todo aquele que se
exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.
Palavra
da salvação
Glória
a vós Senhor.
MEDITAÇÃO DO EVANGELHO
Pe. Antonio Queiroz
Quem se eleva, será humilhado e quem se
humilha, será elevado.
Jesus notou que, nas
festas, as pessoas ocupavam os primeiros lugares. Então contou a parábola dos
convidados ao banquete, ensinando que, nos banquetes de festa, ocupemos os
últimos lugares.
Essa humildade tem a ver
com o banquete no Reino de Deus, que é para os humildes, como cantou Maria no
magnificat: “derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes”. A
simplicidade e a humildade constituem uma opção básica do discípulo que vive na
fraternidade do Reino.
Humildade provém do
latim “humilis”, que por sua vez deriva de “húmus” = terra. Humildade é estar
ao nível do solo e se mover sem sair dali. “A humildade é a verdade” (Sta.
Teresa). Ela é a verdade “somos pó e ao pó voltaremos”.
“Se me glorifico a mim mesmo, a minha glória
não vale nada. Quem me glorifica é meu Pai” (Jo 8,54).
“Quem quiser ser o primeiro entre vós, seja o
escravo de todos” (Mc 10,43).
“Aprendei de mim que sou manso e humilde
coração, e encontrareis descanso” (Mt 11,29).
“Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no
Cristo Jesus... Ele humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de
cruz!” (Fl 2,5-8). Quantos problemas e pecados acontecem, por falta de
humildade!
“Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça
aos humildes” (Tg 4,6).
Há humildes passivos e
humildes ativos. Passivos são os que são humilhados pelos outros, mas sem que
busquem o rebaixamento. Ativos são os que se fazem humildes por opção pessoal,
como o convidado que se senta no último lugar. E há também o humildade de
anzol: sabendo que o povo gosta de pessoas humildes, a pessoa se humilha só
para obter honras e glórias.
A humildade sincera é
indispensável para a vida em Comunidade.
Havia, certa vez, um
homem que era bom, e muito humilde. Ele gostava de fazer o bem para as pessoas,
mas não queria de modo algum chamar a atenção para si mesmo.
Um dia, seu Anjo da
Guarda lhe apareceu e disse: “Deus quer que você seja um instrumento dele para
distribuir o seu amor às pessoas. O Senhor me mandou perguntar-lhe de que jeito
você quer distribuir as bênçãos de Deus. Quer o dom da palavra? O dom de
escritor? Um dom artístico?...
O homem pensou... e
disse ao anjo: “Eu tenho medo de, recebendo esses dons que você citou, o povo
começar a atribuir a mim os benefícios e deixar Deus de lado. Tenho medo também
de eu me envaidecer e pensar que eu é que sou o tal. Por isso, diga ao Senhor
que eu gostaria que ele abençoasse a minha sombra. Porque, como a sombra fica
atrás de mim, as pessoas que receberão as bênçãos não verão o meu rosto nem eu
verei o rosto delas nem saberei que benefícios receberam.
E assim aconteceu.
Quando aquele homem passava, a sua sombra, atrás dele, atraía as melhores
graças para o povo: saúde, inteligência, paz, conversão dos pecadores, emprego,
reconciliação etc.
E ninguém ficou sabendo
que esses benefícios vinham através da sombra daquele homem. E nem o homem via,
pois ele já havia passado.
Vamos também procurar
fazer o bem, mas com humildade, atribuindo tudo a Deus.
Maria Santíssima era uma
pessoa humilde. Ela nunca se promoveu a si mesma. E, quando se referiu a si
mesma, chamou-se de escrava: “Eis aqui a escrava do Senhor”. Que Nossa Senhora
nos ajude a ser cada vez mais humildes.
Quem se eleva, será
humilhado e quem se humilha, será elevado.
MOMENTO DE REFLEXÃO
“O otimismo é uma
disposição alegre que permite que um bule de chá assobie, apesar de estar com
água quente até o nariz.” (Anônimo)
Eu tinha dez anos de
idade quando minha mãe teve paralisia, causada por um tumor na espinha dorsal.
Antes disso, ela havia sido uma mulher vibrante e vigorosa, de tal maneira
ativa que a maioria das pessoas achava impressionante.
Mesmo quando era
pequena, eu ficava admirada com suas realizações e por sua beleza. Porém,
quando tinha trinta e um anos, sua vida mudou. Assim como a minha.
Do dia para a noite,
parecia, ela passou a ficar deitada de costas em uma cama de hospital. Um tumor
benigno a havia incapacitado, mas eu era jovem demais para compreender a ironia
da palavra "benigno" – pois ela nunca mais seria a mesma.
Ainda tenho imagens
vívidas dela antes da paralisia. Ela sempre foi gregária e recebia muitas
visitas. Com freqüência passava horas preparando canapés e enchendo a casa de
flores, que colhia frescas no jardim cultivado ao lado da casa.
Selecionava as músicas
populares da época e rearrumava a mobília a fim de abrir espaço para que os
amigos pudessem se entregar à dança. Na realidade, era minha mãe quem mais
gostava de dançar.
Hipnotizada, eu a
observava se vestir para as festividades noturnas. Mesmo hoje em dia ainda me
lembro de nosso vestido favorito, com sua saia preta e corpete de renda
azul-marinho, o contraste perfeito para seu cabelo louro.
Fiquei tão emocionada
quanto ela no dia em que trouxe para casa sapatos de salto alto de renda preta
e, naquela noite, minha mãe certamente era a mulher mais bonita do mundo.
Eu acreditava que ela
podia fazer qualquer coisa, fosse jogar tênis (ganhara campeonatos na
universidade), costurar (fazia todas as nossas roupas), tirar fotografias
(ganhou um concurso nacional), escrever (era colunista de um jornal) ou
cozinhar (especialmente pratos espanhóis para meu pai).
Agora, apesar de não
poder fazer nenhuma dessas coisas, ela encarava sua doença com o mesmo
entusiasmo que tinha em relação a tudo o mais.
Palavras como
"deficiente" e "fisioterapia" tornaram-se parte de um
estranho mundo novo no qual entramos juntas, e as bolas de borracha para
crianças que ela se esforçava para apertar adquiriram um simbolismo que jamais
haviam possuído.
Gradualmente, passei a
ajudar nos cuidados com a mãe que sempre cuidara de mim. Aprendi a cuidar do
meu próprio cabelo - e do dela. Eventualmente, tornou-se rotina levá-la na
cadeira de rodas até a cozinha, onde ela me ensinava a arte de descascar
cenouras e batatas e como esfregar alho e sal e pedaços de manteiga em uma boa
carne assada.
Quando, pela primeira
vez, ouvi falarem em uma bengala, opus-me:
- Não quero que a minha
linda mãe use uma bengala. Mas a única coisa que ela disse foi:
- Não é melhor você me
ver andando com uma bengala do que não me ver andando de maneira alguma?
Cada conquista era um
marco para nós duas: a máquina de escrever elétrica, o carro com câmbio e freio
automáticos, sua volta à universidade, onde se diplomou em Educação Especial.
Ela aprendeu tudo o que
podia sobre as pessoas com deficiências e acabou fundando um grupo ativista de
apoio chamado “Os Incapacitados”. Certo dia, sem ter falado muito de antemão,
ela me levou e a meus irmãos a uma reunião dos Incapacitados.
Eu nunca vira tantas
pessoas com tantas deficiências. Voltei para casa, silenciosamente
introspectiva, pensando em como nós realmente tínhamos sorte. Ela nos levou
muitas vezes depois disso e, eventualmente, a visão de um homem ou uma mulher
sem pernas ou braços não nos chocava mais.
Minha mãe também nos
apresentou as vítimas de paralisia cerebral, enfatizando que a maioria era tão
inteligente quanto nós, talvez mais. E nos ensinou a nos comunicarmos com os
deficientes mentais, mostrando como eles eram frequentemente mais afetuosos,
comparados às pessoas normais. Durante tudo isso, meu pai continuou a amá-la e
apoiá-la.
Quando eu estava com
onze anos, minha mãe me contou que ela e papai iriam ter um bebê. Muito depois,
eu soube que seus médicos tinham insistido para que ela fizesse um aborto
(terapêutico) - uma opção à qual ela resistiu veementemente.
Logo, éramos mães
juntas, já que virei mãe adotiva de minha irmã, Mary Therese.
Em pouquíssimo tempo
aprendi a trocar fraldas, banhá-la e alimentá-la. Ainda que mamãe tenha mantido
a disciplina maternal, para mim foi um passo gigantesco além da brincadeira com
bonecas.
Um momento se destaca
mesmo hoje em dia: o dia em que Mary Therese, na época com dois anos, caiu e
esfolou o joelho, abriu-se em prantos e passou correndo pelos braços estendidos
de minha mãe para os meus. Tarde demais, eu vislumbrei a faísca de dor no rosto
de mamãe, mas tudo o que ela disse foi:
- É natural que ela
corra para você, pois você toma conta dela tão bem...
Como minha mãe aceitava
sua condição com tanto otimismo, raramente me senti triste ou ressentida. Mas
nunca irei esquecer o dia em que minha complacência foi destruída.
Muito tempo depois da
imagem de minha mãe em salto agulha ter se dissipado da minha consciência,
houve uma festa em nossa casa. A esta altura eu era adolescente, e vi minha
sorridente mãe sentada na lateral, olhando seus amigos dançarem, e fui atingida
pela cruel ironia de suas limitações físicas. Subitamente, fui transportada de
volta à época de minha primeira infância e a visão de minha mãe dançando
radiante estava novamente diante de mim.
Imaginei se mamãe se
lembraria também. Espontaneamente, andei em sua direção e então vi que, apesar
de estar sorrindo, seus olhos estavam marejados de lágrimas.
Corri para fora do
aposento e para o meu quarto, enterrei meu rosto no travesseiro e chorei
copiosamente - todas as lágrimas que ela jamais chorara. Pela primeira vez, eu
me enraiveci contra Deus e contra a vida e suas injustiças para com a minha
mãe.
A lembrança do sorriso
brilhante de minha mãe permaneceu comigo. Daquele momento em diante, enxerguei
sua habilidade de superar a perda de tantas batalhas anteriores e seu ímpeto em
olhar para a frente - coisas que eu tomava por certas - como um grande mistério
e uma poderosa inspiração.
Quando eu estava crescida
e comecei a trabalhar com o sistema penal, mamãe se interessou em trabalhar com
os prisioneiros. Ela telefonou para a penitenciária e pediu para dar aulas de
Redação Criativa para os detentos. Lembro-me de como eles se amontoavam em
volta dela sempre que ela chegava e pareciam se agarrar a cada palavra sua,
como eu fizera na infância.
Mesmo quando não podia
mais se deslocar até a prisão, ela freqüentemente se correspondia com vários
detentos.
Um dia pediu-me para
enviar uma carta para um prisioneiro, ''Waymon”. Perguntei se poderia lê-la
antes e ela concordou, sem perceber, eu acho, o quanto aquilo seria revelador
para mim.
Dizia:
"Querido Waymon,
Quero que saiba que
tenho pensado em você com frequência desde que recebi sua carta. Você mencionou
como é difícil estar preso atrás das grades e meu coração se une ao seu. Mas
quando você disse que eu não imagino o que é estar na prisão, senti-me compelida
a dizer-lhe que está errado.
Existem diferentes tipos
de liberdade, Waymon, diferentes tipos de prisões. Às vezes, nossas prisões são
auto-impostas.
Quando, com a idade de
trinta e um anos, levantei-me um dia para descobrir que estava completamente
paralisada, senti-me em uma armadilha - dominada pela sensação de estar presa
dentro de um corpo que não mais me permitiria correr através de uma campina,
dançar ou carregar minha filha nos braços.
Fiquei deitada ali
durante muito tempo, lutando para chegar a um acordo com minha enfermidade,
tentando não sucumbir em auto-piedade. Perguntei-me se, na verdade, valeria a
pena viver nessas condições, se não seria melhor morrer.
Pensei a respeito desse
conceito de prisão, pois me parecia que havia perdido tudo o que importava na
vida. Eu estava próxima do desespero.
Mas, então, um dia me
ocorreu que, na realidade ainda havia opções abertas para mim e que eu tinha a
liberdade de escolher entre elas. Será que eu iria sorrir quando visse meus
filhos de novo, ou iria chorar? Iria zangar-me com Deus, ou iria pedir que Ele
fortalecesse minha fé?
Em outras palavras, o
que eu iria fazer com o livre-arbítrio que Ele havia me dado e que ainda era
meu?
Tomei a decisão de
lutar, enquanto estivesse viva, para viver o mais plenamente possível, para
procurar tornar minhas experiências aparentemente negativas em experiências
positivas, procurar formas de transcender minhas limitações físicas expandindo
minhas fronteiras mentais e espirituais.
Eu podia escolher entre
ser um exemplo positivo para meus filhos ou podia murchar e morrer emocional
assim como fisicamente.
Existem muitos tipos de
liberdade, Waymon. Quando perdemos um tipo de liberdade, temos que simplesmente
procurar por outro. Você e eu somos abençoados com a liberdade de escolher
entre bons livros que iremos ler e quais deixaremos de lado.
Você pode olhar para as
suas grades, ou pode olhar através delas. Você pode ser um exemplo para
prisioneiros mais jovens, ou pode se misturar com os encrenqueiros.
Você pode amar a Deus e
buscar conhecê-Lo, ou pode virar as costas para Ele. Até certo ponto, Waymon,
estamos nisto juntos. "
Quando finalmente
terminei de ler a carta, minha visão estava borrada pelas lágrimas. Ainda
assim, pela primeira vez, eu enxerguei minha mãe com clareza.
E eu a entendi.
(Marie
Ragghiandi)
UM ABENÇOADO DIA PRA VOCÊ...
E até que nos encontremos novamente,
que Deus lhe guarde serenamente
na palma de Suas mãos.
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