Sábado, 18 de novembro de 2023
“É
tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto
dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma
música.”
EVANGELHO DE HOJE
Lc
18,1-8
—
O Senhor esteja convosco.
—
Ele está no meio de nós.
—
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas
—
Glória a vós, Senhor!
Jesus
contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de orar
sempre, sem nunca desistir: “Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus,
nem respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à
procura do juiz, e lhe pedia: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’.
Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Não temo a Deus e
não respeito ninguém. Mas esta viúva já está me importunando. Vou fazer-lhe
justiça, para que ela não venha, por fim, a me agredir!’”. E o Senhor
acrescentou: “Escutai bem o que diz esse juiz iníquo! E Deus, não fará justiça
aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los
esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do
Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?"
Palavra
da salvação
Glória
a vós Senhor.
MEDITAÇÃO DO EVANGELHO
Padre Antonio Queiroz
Deus fará justiça aos
seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele.
Neste Evangelho, Jesus
nos conta a parábola do juiz injusto, que não queria atender a viúva e, no fim,
só a atendeu devido à insistência dela. O centro da parábola não é o juiz,
evidentemente, mas a viúva, e mais precisamente, a insistência da viúva.
Quando rezamos, Deus nos
atende logo e não nos faz esperar. Acontece que ele faz o que é bom para nós e
do jeito que é melhor para nós, o que nem sempre coincide com o que nós
pensamos.
O evangelista S. Lucas
começa a narração com as seguintes palavras: “Jesus contou aos discípulos uma
parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”.
Está aí o objetivo da parábola. Devemos ser, diante de Deus, como a viúva
diante do juiz: pedir, pedir, pedir... e ficarmos insistindo até receber o que
queremos.
Devemos persistir na
oração, mesmo quando dá impressão que Deus não está ouvindo. Deus é Pai
amoroso. Ele nos escuta com atenção, desde o primeiro pedido que fizemos.
Escuta e atende. A forma dele atender é que, muitas vezes, é um mistério para
nós.
A oração é também uma
escola. Ela purifica os nossos afetos, organiza as nossas idéias, direciona os
nossos pensamentos e vai, aos poucos, colocando-nos no caminho certo da nossa
felicidade. O resultado da oração perseverante é sempre uma grande alegria,
ânimo e vontade de lutar e vencer.
Quando rezamos, Deus nos
atende mostrando-nos os primeiros passos do caminho. Os outros passos, ele vai
mostrar depois que dermos os primeiros passos. Se ele nos mostrasse todos os
passos logo no início, correríamos o risco de esquecê-los. “Não vos preocupeis
com o dia de amanhã”.
Quem não reza, afoga-se
num copo d’água. O horizonte das nossas possibilidades é bem pequeno, termina
logo ali. Nós não dominamos nem a nós mesmos! Daí a angústia. Mas com Deus as
nossas possibilidades tornam-se infinitas e sem fronteiras.
Santo Afonso Maria de
Ligório dizia: “Quem reza se salva, quem não reza se condena”. Nós não queremos
ser condenados, por isso vamos rezar.
Rezar de manhã, rezar ao
meio dia, rezar à noite; rezar quando estamos tristes e quando estamos alegres;
rezar principalmente quando somos tentados. As tentações começam pelos nossos
pensamentos. Portanto, desde aí, já devemos rebatê-los com uma prece. Pode ser
uma oração curtinha, que chamamos jaculatórias, feitas mentalmente. “Vigiai e
orai para não cairdes em tentação”. Em resumo, rezar sempre e nunca cessar de o
fazer.
A oração age em nós como
limpa-brisa de carro. As falhas diárias vão embaçando a nossa visão,
obscurecendo a inteligência, enfraquecendo a vontade, descontrolando os
sentimentos... É hora de ligar o limpa-brisa, através da oração.
Deus caminha ao nosso
lado nas vinte e quatro horas do dia. Mas, por respeito à nossa liberdade, ele
não entra na nossa vida, se não pedirmos. Ele fica nos esperando em cada
esquina da vida, com seus sinais, alertas, advertências e convites. Ele é capaz
de morrer na Cruz, na nossa frente, mas sem interferir na nossa liberdade.
Agora, se pedimos, abrindo a porta para ele, maravilhas acontecerão.
A oração é estrada de duas
mãos. Nós falamos com Deus e Deus fala conosco. Imagine um amigo encontrar-se
com você e falar o tempo todo! Seria chato, não? Às vezes, somos chatos com
Deus, pois não o deixamos falar nada para nós! Ele nos fala através da Sagrada
Escritura.
Quem toma a iniciativa
da oração é sempre Deus. Ele que percebe as nossas necessidades, e nos inspira,
movendo-nos a pedir, a agradecer, a pedir perdão, a louvá-lo... “Sem mim nada
podeis fazer” (Jo 15,15). Deus é que nos dá o pensar, o querer e o agir.
O destaque está na
persistência da viúva. Se até um homem ruim atende, por causa da insistência,
quanto mais Deus que é nosso Pai amoroso! “Será que vai fazê-los esperar?”
No final da parábola,
Jesus lamenta: “Mas o Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar
fé sobre a terra?” Que pena a falta de fé! Nós perdemos a fé por tão pouca
coisa! Basta um aparente atraso de Deus em nos atender, pronto.
Vamos responder à
pergunta de Jesus, dizendo: “Sim, Jesus. Quando o Senhor vier, vai encontrar
fé. Como Santa Mônica, nós, através da oração, vamos perseverar firmes na fé,
confiantes na esperança e alegres na caridade”.
Havia, certa vez, um
mendigo que passava o dia na rodoviária pedindo esmolas. As pessoas davam
moedinhas para ele.
Um dia, ele viu um homem
indo embora, foi atrás, bateu nas costas dele e disse: “Por favor, o senhor
podia dar-me uma moeda de dez centavos?” Assim que o homem se virou para trás,
o mendigo o reconheceu: era seu pai! Então disse: “Meu pai! O senhor não está
me conhecendo?”
O pai lançou-se ao
pescoço dele e falou emocionado: “Meu filho! Já fazem dezoito anos que estou
procurando você! Eu quero dar-lhe tudo o que eu possuo, todos os meus bens”.
Que nós não andemos pela
vida em busca de dez centavos, sendo que ao nosso lado está o nosso Pai, rico e
amoroso, que quer dar-nos tudo o que possui. O bom Deus quer que lhe
entreguemos todas as nossas preocupações, para assim podermos dedicar-nos mais
ao cumprimento da sua vontade sobre nós.
Maria Santíssima é nossa
Mestra de oração. “Ensina teu povo a rezar, Maria, Mãe de Jesus!”
Deus fará justiça aos
seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele.
MOMENTO DE REFLEXÃO
Ontem observei uma
enorme revoada de gansos batendo asas em direção ao sul, com um pôr-do-sol
panorâmico que coloria todo o céu durante alguns momentos.
Vi-os enquanto me
apoiava contra a estátua do leão em frente ao Instituto de Artes de Chicago,
onde eu estava observando as pessoas que faziam compras de Natal andando
apressadas pela Avenida Michigan.
Quando baixei o olhar,
percebi que uma mendiga, parada a alguns metros de distância, também estivera
observando os gansos. Nossos olhos se encontraram e nós sorrimos - reconhecendo
silenciosamente o fato de que havíamos partilhado uma visão magnífica, um
símbolo do misterioso esforço de sobrevivência.
Ouvi a senhora falar
para si mesma enquanto se afastava desajeitadamente. Suas palavras, "Deus
me estraga com mimos", eram espantosas.
Será que a senhora, essa
pária das ruas, estaria brincando? Não. Acredito que a visão dos gansos tenha
quebrado, mesmo que por um breve momento, a dura realidade de sua própria luta.
Percebi mais tarde que momentos como aquele a mantinham viva: era a forma
através da qual ela sobrevivia à indignidade das ruas. Seu sorriso era real.
A visão dos gansos era
seu presente de Natal. Era a prova de que Deus existia. Era tudo o que ela
precisava.
Eu a invejo.(Fred Lloyd Cochran)
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